
"Novos tempos no mercado da música. O Jota Quest vai receber um prêmio inusitado essa semana: um "Celular de Diamante", versão do tradicional "disco de diamante", entregue pelas gravadoras quando um álbum atinge determinado número de vendas. Isso porque o aparelho celular Sony Ericsson contendo músicas do álbum "Até Onde Vai" (termo oficial: "conteúdo embarcado") ultrapassou as 500 mil unidades vendidas. Além disso, foi recorde de vendas da Sony Ericsson, que realizou essa parceria com a operadora Vivo e a gravadora SonyBMG. O conteúdo do CD lançado em outubro e ainda disponível nas lojas é: 5 músicas ("Dias Melhores", "Palavras de Um Futuro Bom", "Mais uma Vez", "Até Onde Vai" e "De Volta Ao Planeta" ), 1 videoclipe ("Palavras ao Vivo"), 1 mini documentário (extraído do DVD "Até Onde Vai" ) e 3 wallpapers (capa do DVD + foto da banda + logo da banda)".

Por exemplo, é legal ter agenda, opções de toques polifônicos e tecnologias mil para variá-los de vez em quando. Me aflige ver uma banda de rock sendo premiada com o Celular de Diamante, mas conforta-me que seja o Jota Quest a receber essa "honrosa" menção. São os tempos difíceis, dos discos financiados com a Lei Rouanet, dos DVD's ao vivo pagos com dinheiro do Ministério da Cultura, dos conteúdos na internet, dos álbuns lançados (e somente viáveis) sob a chancela de canais de televisão.
Enfim, a indústria musical, em sua faceta mais conservadora e anti-consumidor está representada nessa notícia e mostra o quanto o Brasil não aprendeu com coisas como selos independentes e do it yourself. E, pior, me constrange ver a quantidade de artistas independentes e promissores no país que não têm qualquer chance de aparecer para um usuário de celular. Mesmo que ele tenha optado por comprar seu aparelho sabendo que teria um conteudo especial do Jota Quest. Será que os aparelhos oferecidos gratuitamente pelas operadores como mecanismo de retenção de clientes estão contabilizados nessa estatística? Eu, como cliente da Vivo, já recebi oferta para ter um Sony Ericsson gratuito e não o quis. Caso tivesse aceito, eu integraria esse grupo de 500 mil usuários/ouvintes?
A propósito: já vi aparelhos com conteúdo do Killers, da Amy Winehouse e do Rappa.
No fim dá tudo no mesmo, não?